domingo, 21 de fevereiro de 2010

Do fundo do baú

Não abandonei meu blog. Apenas tenho trabalhado muito, muito. E me mudei de casa. Mudança sempre dá muito o que fazer.
Mas teve o lado interessante. Encontrei alguns alfarrábios meus, com poemas que escrevi da década de 70 a 90.
Surpreendi-me que, apesar do tempo, eu sou sempre eu, com meu mesmo jeito de escrever. Mas coisas velhas, tem energias velhas. No entanto, tenho que trabalhar com elas, fazer a minha catarse.
Vou transcrever alguns desses poemas jurássicos para os leitores deste blog.



Poema




Por que vagar
se o vaga lume faz
da noite vaga
uma centelha de luz ?

O amor, dentre as cousas,
infinito e misterioso
faz o doer pungente
o longe horroroso.

Por que esperar
se o tempo está aqui
para ser gasto
no terno estar junto do amor ?

O amor, dentre as cousas,
eterno e maravilhoso
faz o tempo parar
para a vida ficar mais longa.

Por que não amar
se mesmo o amor doído faz
das trevas da solidão
uma centelha de luz ?

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Poema I


Este zymmmm de orquídeas
de outras esferas
a mim
no mundo Terra

O âmago do meu eu – ser matutino –
(onde todas as auroras são boreais)
caminha pelas ruas adormecidas
ante as portas fechadas
perpassado por átomos de sonhos
que não querem acordar
e ronronam como um gato

Qual é a maior solidão –
o eu irremediavelmente só
ou o doce amargo
da soma do tempo ao sonho ?

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Poema IV



As canções que me seguem
são sons longos e breves
das quatro estações

Quem me dera
a primavera

O sol quente
do pleno verão

O meu sono
no doce outono

No inverno hiberno
a minha solidão

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