quarta-feira, 16 de junho de 2010

FINITO


Vejo todos os meus irmãos morrendo, todos os dias.
A morte os cerca e me cerca.
Crassa por aí uma peste maior do que aquela que Camus contou.
E aqui não temos o solidário Dr. Rieux.

Os lugares por onde passei também já não existem mais, a não ser somente nas minhas lembranças. E as pessoas que conheci, as flores que cultivei e o amor que senti, já nada existe.
Finitos.
Passaram.
Morreram.
A peste os levou.

Além disso, vejo o amor morrendo todos os dias e pessoas se apegando ao que está morto, ao que passou.

Sinto que vivemos como se não tivéssemos uma origem, apenas a certeza do fim.

Tudo é finito, temporal.

Finitos nós, nossos corpos densos, nossas ideias tortas, nossos rótulos, nossos juízos sem causa.

Está faltando nos amarmos como irmãos.

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